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1 de dezembro de 2009

Poema # 008



( Do livro, não publicado,  

  "TONS & SONS" )

                                




O PESO DA AUSÊNCIA


Nada – nada mexe

Firme e fundo no fundo da noite

não há (nem) tons de cinzento

Planetas fitam

o aquém com olhos de antepassados

O calor parou nos trinta graus

Aquietou-se o vento atrás do bosque

Encostados às margens

adormeceram os rios 

Aplanou-se o oceano

a lua cegou e as marés não têm sentido

Toda a gente se sentou ou toda a gente dorme

Calaram-se os carros na orla da estrada

Nos cinemas (já) só há fotografias nos écrans 

Todas a mãos ambas repousam sobre a mesa

Toda a palavra (já) só existe escrita e não falada

Todos os olhares se fixaram neste ponto aqui

Ponto final.

Ponto afinal… até que voltes!

             

Porto   1985 - Junho, 10

 

2 comentários:

  1. Só agora percebi este poema! E ainda por cima identifico-me tanto com ele...
    A questão é quando sabemos que as pessoas não voltam.
    Excelente, como sempre, esta descrição poética da paragem do tempo e do mundo quando alguém que amamos desaparece.

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  2. E sempre bom "recorrer à Natureza" quando alguma não corre na perfeição... é que nem esta Grandiosidade é Perfeita!

    Adoro...

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