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5 de janeiro de 2010

Opinião # 001


A possibilidade de editar um blogue representa um gigantesco salto, impossível sequer de imaginar até há bem poucos anos, no que respeita à democratização do direito à opinião, à divulgação das ideias e à aposta na criatividade pessoal

Colocar virtualmente ao alcance de milhões de pessoas e em qualquer parte do mundo o pensamento, as ideias, as opiniões e as palavras de um qualquer humilde e anónimo cidadão, praticamente de forma imediata e quase inteiramente gratuita, seria algo de inimaginável há uma década atrás, mesmo para o maior dos visionários. 

Hoje, para o bem e para o mal, essa possibilidade deixou o domínio do virtual para se tornar uma inquestionável realidade; os blogues, sobre os mais impensáveis e inacreditáveis temas, multiplicaram-se em proporção geométrica e proliferam a um ritmo incontrolável, influenciando a opinião pública, questionando todo e qualquer tema, discutindo tudo e todos, às vezes mesmo destruindo tudo e todos! 

É a democratização quase absoluta da liberdade de pensamento, com consequências ainda não verdadeiramente avaliadas.

E é, digamos assim, como que uma espécie de quinto poder!

A tecnologia também tem sido pródiga para a blogosfera disponibilizando,  cada vez mais, recursos técnicos apreciáveis a custos reduzidos, facilmente manipuláveis mesmo por quem não possui qualquer formação relevante nesta matéria.   

Mas, como acontece com quase tudo o que dispomos em quantidades ilimitadas, tendemos a não saber utilizar os blogues ou a utilizá-los no pior sentido. 

A qualidade média de muitos deles é confrangedora, as ideias e os temas tratados deploráveis, e o recurso ao lugar-comum, à banalidade ou ao insulto, uma realidade inquestionável.

E aquilo que poderia constituir um tesouro de incalculável valor para a divulgação do pensamento e do saber, não passa muitas vezes de um feudo de vaidades, arrogância e mau gosto, onde cada um se entretém, através da humilhação e da grosseria, a diminuir ou a trucidar os outros. 

Com o CONT(R)A-CORRENTE, confesso que alimentei algumas esperanças de ter criado um espaço aberto à intervenção, à crítica e ao debate, diversificado e multifacetado, de modo a evitar o bocejo e a monotonia, e a envolver as pessoas, sobretudo as que me são mais próximas.

Talvez inocentemente, divulguei inicialmente o “link” através de Email para um círculo restrito de amigos, colegas e conhecidos, com um pequeno texto introdutório de apresentação.   

Quatro meses depois, tenho que admitir que me enganei redondamente e a decepção foi quase total. Uma sondagem de opinião aberta no blogue revelou o espantoso número de 8 (!!!) votantes entre Setembro e Dezembro de 2009, a maior parte dos quais familiares! Quanto aos visitantes do CONT(R)A-CORRENTE, não teriam sido muitos mais...

Claro que não posso obrigar ninguém a fazer o que não gosta (mesmo que nem sequer se dê ao trabalho de tentar conhecer aquilo que acha que não gosta). Mas assiste-me o direito de expressar a minha frustração e, de certo modo, a minha profunda tristeza e desencanto.

Enfim… muito obrigado a todos!         

 

3 comentários:

  1. Isso não quer dizer que o blogue vai acabar, pois não? :(

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  2. Acabei agora de ler o blogue Cont(r)a Corrente

    Depois de um mail teu e até um telefonema em jeito de convite para uma visita ao novo Blogue, troquei de computador e fiquei, por culpa de um emprego que se julgava de sonho, sem vida própria. Quando vi pela primeira vês o blogue com a BEYONCÉ em grande, a minha vontade era fazer comentários com muita piada, para mim leia-se, dignos de um pedreiro (trolha mesmo), mas depois revi a iniciativa em baixa e achei que para além da senhora merecer um comentário inteligente ia conspurcar o novo blogue acabado de sair do stand...
    Agora muitos meses depois, depois também de recuperar uma boa percentagem da vida e uns contactos com uns amigos, estive a rever os meus email´s à muito perdidos e voilá, encontrei o link!
    Ao ler “Opinião #001” fiquei um pouco preocupado com algum desanimo nas palavras escritas a puxarem para um “atirar da toalha...”. A vontade foi de ler o blogue desde o início, tentar apanhar o comboio, com uns meses largos, perdido.
    Os vários temas, os textos extensos mas bem escritos tornando-os acessíveis, as opiniões com posições bem definidas e assumidas o interesse que despertam uma atenção que só pára no ultimo ponto final, e acima de tudo, como a Isabel disse, aprende-se muito aqui. Digo-te sinceramente este Blogue passou a ser uma referencia para mim.
    Sim somos amigos ou quase família (obrigado pela prenda de natal), sempre tive em muitas altura opiniões e posições semelhantes às tuas e é natural que o que agora leio se identifique comigo, mas acho que isto não diminui o valor ou a imparcialidade com que te dou a minha opinião.
    Mas há algo que não entendo, não se chama este blogue Contra a Corrente? Sim é verdade que estamos na era da facilidade de comunicação, nunca se falou tanto, nunca se escreveu tanto nunca tivemos tantos meios para o fazer e no entanto o que se passa? Porque temos nós um blogue como este e com tão poucos comentários? Porque é esta a corrente. A corrente e não ligar nenhuma ao que interessa, a corrente é enviar mensagens ocas, a corrente é sermos bombardeados de noticias aberrantes, a corrente é não nos dar-mos ao trabalho de ter sequer uma opinião porque isso envolve exercício mental, a corrente é vegetar com telenovelas reais ou não, a corrente é ter muitos amigos do peito nos hi-five's (também estou lá) para comentar a pose. A corrente é precisamente o que desanima.
    Ganhei um prémio nacional de design, organizado pela Roca, no internacional fiquei em segundo com 80 países a concorrer, milhares de participações e um júri ao mais alto nível. A noticia foi disparada pela Agência Lusa para todo o lado, imprensa e televisão. O máximo que aconteceu foi uma entrevista à pressa no Porto Canal e algumas publicações. O feito pode não ser assim tão grande mas aí é que eu vi o que realmente interessa a este pais, é o futebol e a namorada nova do Ronaldo, é o alarido da gripe porque não mais nada do que falar, é o comentário do Pinto da Costa, são os escândalos com os famosos, enfim... uma tristeza.
    Quanto ás participações e visitas não é fácil, digo-te. Organizei uma exposição em plena Avenida dos Aliados aberta ao publico durante dois meses. E nem com mensagens nem com e-mail's o povo mais chegado se mexeu, (salvou o povo mais afastado) Mas também não condeno e até de certo modo compreendo. Cada vês mais vivemos em esquemas, rotinas, hábitos e horários definidos que por vezes sair fora do esquema é uma dor de cabeça que deixamos passar muitos acontecimentos importantes ao lado.
    Já várias vezes pensei em me lançar num blogue ou até no twiter (que ainda não conheço bem) mas por falta de coragem não o fiz. Por não ter confiança do que escrevo ou como escrevo, e por medo quanto ao resultado de participações e se tornar um fracasso e passar a ser um diário pessoal exposto.
    Este blogue é muito recente, tem muito para dar e de certeza que um dia vai dar que falar...
    Por isso te dou os parabéns pela qualidade e coragem de ir ,e de certeza, continuar contra a corrente.

    Agora mais atento, abraço,

    Paulo Gouveia

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  3. Olá Guilherme
    Vai ser a primeira vez (não, não sou virgem) que vou escrever, ultrapassando a minha falta de coragem para o fazer, pois não tenho - nunca tive - jeitinho nenhum para o fazer.
    Se calhar, devido à minha maneira de ser, nem faço a mínima ideia do que te irei dizer. Por isso... vamos lendo. Ontem, perguntaste-me se eu já teria visto o vídeo sobre o Stand by me, (do Ben E. King - dizes bem) no teu blog. Não tinha tido ainda oportunidade para o fazer, porque eu precisava de tempo. Não para ver apenas o video, mas para ver o teu blog de cima a baixo. À parte, digo-te que, afinal, já o tinha visto. As vozes, muito boas, montagem muito bem conseguida, objectivo alcançado(?). Mas, dizia, eu - como Mia Couto, fui à sala de estar e acantei-me para poder ver o teu blog como queria: de ponta a ponta. Para já, em termos de comentários ao teu último, aumentaste 100% porque tinhas um e agora - com este - já são dois. No próximo dia 13 de Janeiro às 14:25 vais aumentar mais 50% com o belíssimo comentário que o Paulo Gouveia te enviou. Pois é, pá, a partir do momento em que comecei a ler e a beber da tua beleza (leia-se, belos lábios) - que sabes - sempre admirei, considero uma falta de respeito apenas o facto de estares a pensar no que não deves (pensar). Com esta o René ficaria desorientado. Mas tu existes, e há muitos anos que, pelo menos para o meu mundo, tu és um gigante. Só ainda não és para os outros porque eles não te conhecem. E - desculpa a frontalidade - és tu que tens a obrigação de estar presente. A culpa não é de quem ainda te não leu. Dá-lhes tempo. São inocentes, não podem ser descrentes daquilo que não conhecem. Repara um pormenor: adorei os dois comentários ao Saramago. Adoro-o. Adorei a tua opinião. Achas que ia ficar indiferente? Naturalmente nem seria capaz, pois a vontade de os mostrar foi imediata. Copy e Paste para um email de um amigo (comum?) - o Carlos Romão - que tem um blog sobre o Porto. "Topa-me estes comentários", limitei-me a dizer-lhe.
    Passeei (é assim que se escreve?) pelas tuas fotografias, bebi as tuas piadas secas (gosto mais de bruto), consegui aguentar o senão da bela (será por isso?) - ecrever a vermelho sobre o preto!! (se tem algum jeito!), e agora pensas no que não deves?
    Mais respeito se faz favor.
    Um grande abraço e prometo mandar umas bocas, especialmente quando não concordar contigo, ou não gostar do que vejo.
    Isto é que vai ser escrever...é melhor comprares umas resmas de folhas web.
    David

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