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17 de julho de 2010

Datas e Acontecimentos # 001


JOSÉ SARAMAGO - 1922 / 2010

PARTE 2

A História, contrariamente ao que se possa pensar, não é só escrita com nomes de heróis, sábios, criadores, talentos, gente ilustre. Embora esses sejam os que fazem com que o Homem tenha progredido e se tenha destacado dos demais seres vivos por uma característica única e distintiva que se chama inteligência.

Da História fazem também parte os cidadãos anónimos que, com o seu trabalho e o seu querer, o seu espírito de sacrifício e a sua vontade, contribuem para o avanço das civilizações, sobretudo quando agem em grupo e com espírito colectivo. São o lado anónimo da História, mas nem por isso a negação do seu avanço.

Mas a História está também cheia de imbecis e cretinos com tendências persecutórias e espírito de malvadez. Destacam-se facilmente pela mesquinhez, pela arrogância e pela mentalidade saloia. Existem na política, nas empresas, no desporto, no nosso dia-a-dia. E multiplicam-se, para nosso pesar, em cada vez maior número. E  fazem regredir a História.

Se não tiverem acesso ao poder, perder-se-ão no anonimato e na obscuridade que merecem. Mas se os caprichos do destino lhe proporcionam a possibilidade de mandar, diminuir ou aviltar o seu semelhante - sobretudo se este não concorda com eles - podem transformar-se em criminosos incontroláveis e irracionais, capazes de ditar os destinos das Nações. Ou, no mínimo, em pequenos tiranetes sem classe nem elevação, capazes das maiores vilanias a troco de um resquício de notoriedade. 

Saramago foi, até há bem pouco tempo, o maior escritor vivo da actualidade e um dos vultos mais marcantes da literatura mundial. Do seu punho nasceram das páginas mais inovadoras, criativas e fracturantes dos anos mais recentes.

Infelizmente, deixou-nos. E o mais trágico é que nos fica apenas o muito que de excepcional produziu, com a triste certeza de que nada mais sairá da sua mente.

 A Alemanha, os EUA, o Reino Unido, a França, a Rússia, tiveram dezenas de prémios Nobel. Outros países mais pequenos, como a Itália, a Dinamarca, o Canadá, pouco mais que uma dezena.

Nenhum Prémio Nobel pode deixar um País indiferente, porque ele consagra os seus melhores, entre os melhores de todo o Mundo.   

Portugal teve dois, um dos quais - e único… - da Literatura!

José Saramago está entre os melhores portugueses de sempre. Quiseram dar o seu nome a uma rua do Porto. Homenagem bem singela, afinal, quando é bem sabido que nome de rua qualquer cinco reis de gente tem por esse País fora.

A maioria PSD/CDS - esse notável grupo de “notáveis” - na Câmara não “autorizou”. Não podia perder o ensejo de “marcar” a História. A cidade, conhecida pelo seu espírito liberal, ficou manchada por uma nódoa perene porque, circunstancialmente, um grupo determinado de neo-inquisidores foi instituído de poder de decisão sobre estas (e outras) coisas. E há sempre gente candidata aos piores portugueses de sempre.

Saramago estará, indelevelmente, no grupo que mencionámos no primeiro parágrafo deste texto.

Outros há que cabem perfeitamente... noutros parágrafos!              



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