
( Do livro, não publicado,
"TONS & SONS" )
O PESO DA AUSÊNCIA
Nada – nada mexe
Firme e fundo no fundo da noite
não há (nem) tons de cinzento
Planetas fitam
o aquém com olhos de antepassados
O calor parou nos trinta graus
Aquietou-se o vento atrás do bosque
Encostados às margens
adormeceram os rios
Aplanou-se o oceano
a lua cegou e as marés não têm sentido
Toda a gente se sentou ou toda a gente dorme
Calaram-se os carros na orla da estrada
Nos cinemas (já) só há fotografias nos écrans
Todas a mãos ambas repousam sobre a mesa
Toda a palavra (já) só existe escrita e não falada
Todos os olhares se fixaram neste ponto aqui
Ponto final.
Ponto afinal… até que voltes!
Porto 1985 - Junho, 10
Só agora percebi este poema! E ainda por cima identifico-me tanto com ele...
ResponderEliminarA questão é quando sabemos que as pessoas não voltam.
Excelente, como sempre, esta descrição poética da paragem do tempo e do mundo quando alguém que amamos desaparece.
E sempre bom "recorrer à Natureza" quando alguma não corre na perfeição... é que nem esta Grandiosidade é Perfeita!
ResponderEliminarAdoro...