Trata-se, obviamente, de um argumento falacioso, mesquinho e revanchista que tem, no essencial, dois objetivos prioritários:
Justificar a inoperância endémica de um grande número de empresários;
Proporcionar mecanismos legais às empresas para se livrarem de trabalhadores incómodos e/ou constituir uma prateleira de disponíveis para se escolher o elemento necessário para o trabalho necessário e durante o tempo necessário, sem quaisquer consequências legais ou pecuniárias para o empregador, como se de um parafuso se tratasse.
Alie-se a esta estratégia o propósito (a curto/médio prazo) de revisão da constituição e já pouco faltará – admirem-se! - para se avançar para a própria ilegalização do direito à greve como eventual imperativo de defesa dos “superiores interesses nacionais”.
Nem um só posto de trabalho se criará com tais medidas e nem um único dígito percentual se acrescentará ao crescimento económico. Bem pelo contrário, o exército de desempregados engrossará de imediato, ao mesmo tempo que aumentarão os lucros obscenos e a vida de nababos de alguns desses mesmos empresários.
Quanto aos outros - os empresários sérios, conscienciosos, cumpridores e criativos - não precisam de nenhum destes estratagemas capciosos para singrar no seu espaço.
Dito isto, bom seria, finalmente, que não nos esquecêssemos de duas coisas:
Nenhum trabalhador sente qualquer afinidade nem orgulho numa empresa que o pode pôr na rua em qualquer momento; logo, está-se marimbando – e com toda a lógica – para que ela tenha êxito ou não;
As razões de base para o nosso lastimável atraso económico não estão na dificuldade em despedir, nem nos impostos, nem na falta de produtividade, nem no absentismo. Disso mesmo se apercebeu Durão Barroso através de um estudo económico independente que encomendou enquanto 1.º ministro.
Uma das principais razões desse atraso (porventura a principal) está na confrangedora qualidade da maioria dos empresários portugueses, que não resistiriam ao mais elementar teste de competência e seriam - a existir justiça e lógica - dos primeiros elementos a ser dispensáveis.
O que me leva a crer que, a julgar pela qualidade deste governo no que toca ao respeito pelos direitos dos trabalhadores, o 1º de Maio vai ser o primeiro feriado a ser imediatamente transferido para um sábado, ou coisa que o valha... E logo a seguir, e porque não?, já que o referiste, mudemos também o 25 de Abril para o fim-de-semana que já vão uns anos largos desde que isso aconteceu, não interessa a ninguém... Tolices, esta gente e as suas
ResponderEliminarreivindicações sociais, que raio de mania...
Ana Santos